10 grandes músicas atemporais

Intro (Cher)

A meu ver, a indústria fonográfica tem, de uns anos pra cá, demonstrado sinais de fraco desempenho e inovação por parte de grandes artistas que, diariamente, lançam novos singles e álbuns cada vez menos pretensiosos. E, com a ausência da ousadia, consequentemente é gerado desapontamento em milhares de fãs espalhados pelos quatro cantos do planeta. Nomes de peso parecem, não mais, conseguir com tanta facilidade emplacar hits esmagadores no topo das paradas musicais. Álbuns prometidos como inovadores se mostram comuns após o seu lançamento e, com o passar de poucos meses, soam enjoativos (alguns até mesmo repugnantes).

E, é por conta de certos alienados que muitos cantores, bandas e grupos são taxados de fracassados por não seguirem essa tão buscada fórmula do sucesso. Se você não colocar aquela batidona clichê em pelo menos metade de seu novo disco, seu trabalho não agradará os críticos musicais e nem a grande massa de pessoas, recebendo a partir daí o título de “flop” do momento. Claro, a menos que se renda e faça aquele básico pacto, vendendo sua alma por quinze minutos de popularidade.

Brincadeiras a parte, foi pensando nisso tudo que passei o dia todo pesquisando em meus arquivos algumas músicas que, em minha opinião, sobreviveram ao teste do tempo e se mostram ainda tão jovens como quando foram lançadas. Acredito que muitas delas, se lançadas em dias atuais, ocasionariam uma gigantesca (e necessária) revolução na sonoridade urban conceitual que tem dominado os charts.

Abaixo, confira algumas das 10 músicas mais atemporais já lançadas até o momento e que você não pode deixar de ouvir:

#10. TIME AFTER TIME – CYNDI LAUPER

Okay, eu sei que o maior sucesso de Cyndi é “Girls Just Want To Have Fun”, mas, colocá-la nessa lista seria o mesmo que incluir “Material Girl”, da Madonna, ou “Greatest Love Of All”, da Whitney Houston. São hinos de décadas passadas, pertencentes a um mundo diferente (e minha intenção é destacar músicas atemporais). Pensando nisso, cheguei em “Time After Time”, gravada por Lauper para seu álbum debut, “She’s So Unusual”, de 1983. A canção chegou a atingir o topo da “Billboard Hot 100”, foi composta pela própria Cyndi ao lado de Rob Hyman e recebeu influências do new wave.

Veja aqui uma performance icônica feita em uma apresentação da cantora.

#9. GIMME! GIMME! GIMME! (A MAN AFTER MIDNIGHT) – ABBA

Assim como “Dancing Queen”, “Gimme! Gimme! Gimme!” traz o cativante vocal do grupo sueco combinado com um instrumental prá lá de exótico. Composta e produzida pelos integrantes Benny Andersson e Björn Ulvaeus, foi lançada como single em 1979 e incluída posteriormente nas coletâneas “Gold: Greatest Hits” e “Greatest Hits Vol. 2”. Foi #1 em diversos países, chegando ao #3 no Reino Unido. Com inspiração da disco, europop e synthpop, Madonna chegou a usar samples da música no seu single “Hung Up”, carro-chefe do álbum “Confessions On A Dance Floor”, de 2005.

Veja aqui uma performance icônica da música feita na turnê “In Concert”.

#8.  WHERE THE STREETS HAVE NO NAME – U2

Minha intenção era relacionar apenas músicas pop, mas, como nem só do pop vivem as pessoas, resolvi colocar uma pegada rock e mencionar o U2 em nossa visita de volta ao passado. O hit que conquistou o mundo todo alcançou o #13 do “Hot 100” norte-americano, isso sem mencionar os #1s na Nova Zelândia e Irlanda. O terceiro single do disco “The Joshua Tree”, que inclusive abre a tracklist do CD, teve produção de Daniel Lanois e Brian Eno, tendo sido lançado oficialmente em 1987. A musicista Vanessa Carlton, conhecida pelo hit “A Thousand Miles” – trilha sonora do filme “As Branquelas” –, regravou a faixa da banda irlandesa em 2004 numa versão totalmente repaginada, ao som de piano, e incluiu no álbum “Harmonium”.

Veja aqui uma performance icônica da música feita no “Slane Castle”.

#7. IT’S NOT RIGHT BUT IT’S OKAY – WHITNEY HOUSTON

Essa foi uma inclusão de última hora, mas, muito necessária para a essência de nossa lista. Gravada para o álbum “My Love Is Your Love”, foi lançada como single em 1999, recebendo produção do mestre Darkchild e composição de LaShawn Daniels, Rodney Jerkins, Fred Jerkins III, Isaac Phillips e Toni Estes. O single, #1 na Espanha, conquistou o top 5 da “Billboard Hot 100” na posição de número #4 e o #3 no UK. Provinda do soul, R&B e dance music, a canção recebeu o prêmio Grammy na categoria “Melhor Performance Vocal Feminina de R&B”, em 2000.

Veja aqui uma performance icônica da música feita na “My Love Is Your Love Tour”.

#6. WALKING IN MEMPHIS – CHER

Cherwim

Grande sucesso na voz de Marc Cohn, o cantor original de “Walking In Memphis” – que a gravou em 1991 – foi com a “Deusa do Pop” que a música ganhou atemporalidade e marcou a carreira da cantora. “Memphis”, uma faixa pop-rock, entrou para a tracklist do disco “It’s a Man’s World”, de 1995, sendo lançado como lead single em outubro do mesmo ano. #2 na Turquia, #17 na Austrália e #11 no Reino Unido, foi dita como “empolgante” pela “All Music”; Jim Farber, do “Entertaiment Weekly”, afirmou que a faixa “deve ser ouvida para se acreditar (nela)”. Cher chegou a apresentar a música em suas turnês “Do You Believe? Tour”, “The Farewell Tour e “Cher at the Colosseum”.

Veja aqui uma performance icônica da música feita em uma de suas turnês.

#5. I’M A SLAVE 4 U – BRITNEY SPEARS

A “Princesinha do Pop” não poderia ficar de fora de uma lista que envolvesse música, certo? Pensando nisso e em todos os hits já lançados pela loira, encontrei em “Slave” o que não consegui observar em outros grandes sucessos como “…Baby One More Time” e “Oops!!!I Did It Again”: soar contemporânea. Oferecida inicialmente para Janet Jackson – que recusou a faixa – foi escrita e produzida por Pharrell Williams e Chad Hugo, também conhecidos como The Neptunes. Com influências do dance e R&B, a música fez grande sucesso, chegando à #27 no “Hot 100” da Billboard e ao #1 no Brasil, Japão, entrando ainda no top 10 da Austrália, França, Alemanha e Reino Unido.

Veja aqui uma performance icônica com uma cobra albina feita no “VMA” de 2001.

#4. FROZEN – MADONNA

Quando Madonna esteve nas gravações do disco “Ray Of Light” ao lado do produtor William Orbit, muito se especulou sobre o que estava sendo planejado nos estúdios da “Warner Music”. Com o lançamento, em 1998, os fãs receberam uma das obras mais intensas já lançadas no universo musical. Não só “Frozen” é atemporal como o disco todo, sendo considerado por muitos como o melhor da discografia da “Rainha do Pop”. O hit chegou ao #2 do “Hot 100” e no top 5 de diversos países.  O clipe para a música é repleto de misticismo e simbologia, no qual podemos ver uma Madonna interpretando uma feiticeira misteriosa. Na Bélgica, no entanto, a música sofreu acusações de plágio (leia mais).

Veja aqui uma performance icônica da música feita na “BBC”.

#3. WHAT GOES AROUND… COMES AROUND – JUSTIN TIMBERLAKE

A única música apresentada por um cantor (homem) solo não poderia ser outra se não “What Goes Around…”, recebendo a nossa medalha de bronze. Lançada como terceiro single do “FutureSex/LoveSounds”, de 2006, foi recebida pela crítica especializada como a sequência de “Cry Me a River”, de 2002. Atingindo o #1 nos Estados Unidos, foi produzida pelo próprio Timberlake em parceria com Timbaland e Danja. Com instrumentais de R&B e pop, levou o “Grammy” de “Melhor Performance Vocal Masculina de Pop”, em 2008. Duas curiosidades: a atriz Scarlett Johansson atua no videoclipe e, a faixa foi usada como trilha sonora da primeira temporada de “Gossip Girl”, ao lado também de “Paparazzi”, da Lady Gaga.

Veja aqui uma performance icônica da música feita no “Madison Square Garden”.

#2. THE VOICE WITHIN – CHRISTINA AGUILERA

Acredito que, durante a fase que antecedeu o álbum “Stripped”, de 2002, Christina Aguilera não tinha noção alguma do efeito que seu disco causaria na história da indústria fonográfica. Foi com o “Despida” que Aguilera consolidou sua carreira e se mostrou uma artista forte, inovadora e talentosa. “Beautiful”, maior sucesso de sua carreira, está presente no CD, mas foi “The Voice Within” que a moça se firmou como uma artista adiante de sua geração, tendo sido comparada com Celine Dion e Mariah Carey. O videoclipe foi dirigido por David LaChapelle e filmado em um take só. Entrou para o top 40 da “Billboard Hot 100”, ocupando a #33 e #9 do Reino Unido. Recebeu composição de Aguilera em colaboração com Glen Ballard, com produção deste último, sendo inspirada no pop, soul e leves pitacos gospel! Xtina fica com a nossa prata.

Veja aqui uma performance icônica da música feita na “Stripped Live In The UK”.

#1. CONFIDE IN ME – KYLIE MINOGUE

Chegamos finalmente ao primeiro lugar, dando à Minogue nossa medalha de ouro. “Confide In Me”, carro-chefe do disco homônimo da cantora, lançado em 1994, foi composta pelo duo Brothers in Rhythm (Steve Anderson e Dave Seaman) ao lado de Owain Barton, sendo produzida por Steve e Dave. Foi aclamadíssima pela crítica especializada, alcançando o topo dos charts australianos e estreando em #2 no UK. “Confide” já se inicia com um som orquestral, recebendo no decorrer da música influências do pop e da house music. O interessante do single é que, além de sua profunda letra, foi exatamente com ele que a australiana mostrou ao público que sabia usar sua voz e alcançar notas altas, até então não demonstrado em seus discos anteriores. Kylie chegou a incluir a canção nas turnês “Intimate and Live”, “On a Night Like This”, “KylieFever2002”, “Showgirl: The Greatest Hits Tour”, “Showgirl: The Homecoming Tour”, “For You, for Me” e “Aphrodite Les Folies”.

Veja aqui uma performance icônica da música feita no “BBC Radio 2”.