Os 10 melhores discos de 2018

É quase Ano Novo, mas não poderíamos encerrar 2018 sem a nossa já tradicional lista dos 10 melhores discos do ano. E, como de costume, foi bastante difícil selecionar apenas 10 dos muitos (e excepcionais) trabalhos musicais liberados de janeiro para cá – afinal, foi um ano e tanto! Depois de horas conversando com meus próprios botões, cheguei àquelas obras que considero indispensáveis para todos que, assim como eu, estão sempre dispostos a conhecer novos sons.

Sem mais delongas, vocês encontram, a seguir, a minha playlist com os 10 melhores discos de 2018 e outros 2 bônus que, apesar de não integrarem o ranking definitivo, também mereceram minhas considerações especiais. Ah, não se esqueça de clicar nas imagens abaixo para conferir um videoclipe de cada álbum, ok? E caso queira conferir o que listamos nos anos de 2017, 2016 e 2015, basta acessar nosso arquivo clicando aqui, aquiaqui, respectivamente.

Preparados? Então vamos lá:

10) I HONESTLY LOVE YOU – DELTA GOODREM

Gravadora: Sony Music Australia

Lançamento: 11 de maio de 2018

Singles: “Love Is a Gift” (promocional)

Considerações: pode parecer curioso, mas o fato de a australiana Delta Goodrem sempre dar as caras por aqui não é obra do acaso. Dois anos após o lançamento do “Wings of the Wild” (2016), a moça retornou este ano com “I Honestly Love You”, a trilha-sonora da minissérie estrelada por ela que narra a vida de Olivia Newton-John. Repassando por hits como “Physical” e “You’re the One That I Want” (do filme “Grease: Nos Tempos da Brilhantina”), a soundtrack traz os já consistentes vocais de Goodrem reinterpretando os clássicos que fizeram de Olivia uma das maiores estrelas da música pop de todos os tempos. Destaque especial para “Hopelessly Devoted to You”, a faixa-título e “Trust Yourself”. Composto por 13 faixas, o disco inclui parcerias com Dan Sultan, Georgia Flood e com a própria Olivia Newton-John

Paradas musicais: estreou em #4 na “ARIA Charts” (nº de cópias desconhecido)

9) QUEEN – NICKI MINAJ

Gravadora: Young Money, Cash Money, Republic Records

Lançamento: 10 de agosto de 2018

Singles: “Chun-Li”, “Bed”, “Barbie Dreams”, “Good Form”

Considerações: mudando completamente de ares, eis que é chegado o momento de coroar Nicki Minaj como a rainha que ela se tornou ao longo desses anos. Inspirando-se em elementos da música pop, raggae e R&B, em “Queen” Minaj demonstra uma versatilidade memorável ao se aventurar entre versos cantados e falados – revelando que aprimorou (e muito) seus dotes como vocalista. Acompanhada de Eminem, Lil Wayne, Ariana Grande, The Weeknd, Swae Lee, Future e Foxy Brown, Nicki fala abertamente sobre seus desejos sexuais, sua posição na indústria musical e até abre seu coração na romântica “Come See About Me”. Em 19 faixas que extraem o que de melhor a black music teve a oferecer em 2018, o 4º disco da rapper extrapola todas as expectativas e nos presenteia com uma coesão invejável do começo ao fim

Paradas musicais: estreou em #2 na “Billboard 200” com vendas de 185.000 cópias na primeira semana

8) HONEY – ROBYN

Gravadora: Konichiwa Records, Interscope Records

Lançamento: 26 de outubro de 2018

Singles: “Missing U”, “Honey”

Considerações: saindo das ruas de NY e indo direto para os clubes noturnos de Estocolmo, é com prazer que nossa viagem musical nos leva direto às batidas eletrônicas da Robyn. Primeiro álbum da musicista em oito anos, “Honey” sucede o aclamado “Body Talk” (2010) – que nos apresentou ao sucesso “Dancing on My Own”. Incluso em diversas listas de fim de ano que elegeram os melhores discos de 2018 (incluindo de revistas prestigiadas como a Billboard e a Rolling Stone), o material traz 9 faixas todas compostas por ela ao lado de produtores como Joseph Mount e Klas Åhlund (parceiro de longa data que já trabalhou com Kylie Minogue e Britney Spears). Envolvida também na coprodução de músicas como “Between the Lines” e do carro-chefe “Missing U”, Robyn esbanja classe e diversão ao flertar com um futurismo muito (mas muito) à frente de nosso tempo

Paradas musicais: estreou em #40 na “Billboard 200” (nº de cópias desconhecido)

7) LM5 – LITTLE MIX

Gravadora: RCA Records, Columbia Records

Lançamento: 16 de novembro de 2018

Singles: “Woman Like Me”

Considerações: girlbands estiveram em alta desde que as Spice Girls surgiram nos anos 90 e tiveram, durante alguns anos, o mundo a seus pés. De lá para cá, muitas foram as formações a ganhar destaque na mídia, mas poucas se mantiveram unidas ou seguiram uma linha de coesão em suas discografias. Provando que o talento, afinal, deve sempre falar mais alto, as meninas do Little Mix mais uma vez deixaram claro que não brincam em serviço com o “LM5”. Trazendo colaborações com Nicki Minaj, Sharaya J e Kamille, o 5º álbum do grupo, apesar de ainda exaltar a eloquência de suas integrantes, soa um pouco mais denso por ter deixado o pop-chiclete de lado e abraçado satisfatoriamente alguns elementos do hip-hop, do R&B e da música latina. Com vocais harmoniosos que se encaixam perfeitamente como as peças de um quebra-cabeças, Jesy, Leigh-Anne, Jade e Perrie nunca soaram tão maduras e donas de si

Paradas musicais: estreou em #3 na “UK Albums” (nº de cópias desconhecido)

6) EXPECTATIONS – BEBE REXHA

Gravadora: Warner Bros. Records

Lançamento: 22 de junho de 2018

Singles: “I’m a Mess”

Considerações: quem acompanha o Caí da Mudança sabe que nossas resenhas são quase sempre focadas em lançamentos musicais de veteranos da música pop. Todavia, também não é novidade que, vez ou outra, abrimos espaço para um novato aqui e ali que demonstra ser merecedor de uma atenção especial. Após conquistar a todos com “In the Name of Love” (com o Martin Garrix), Bebe Rexha foi certeira ao finalmente lançar o “Expectations”, o primeiro álbum de seu catálogo tão promissor. Inserindo hits como “Meant to Be” e “I Got You” na tracklist, a moça traz em cada uma das 14 faixas aquela fórmula do sucesso que combina perfeitamente instrumentais a vocais que tantos outros tentam, mas poucos acertam. Como já era de se esperar (levando-se em consideração seus últimos EPs), pop e R&B são os gêneros que predominam na obra. Assim como canta na faixa que inaugura o disco, Bebe Rexha é mesmo uma Ferrari em alta velocidade vindo diretamente em nossa direção

Paradas musicais: estreou em #13 na “Billboard 200” (nº de cópias desconhecido)

5) LOBOS – JÃO

Gravadora: Universal Music

Lançamento: 17 de agosto de 2018

Singles: “Imaturo”, “Vou Morrer Sozinho”, “Me Beija Com Raiva”

Considerações: dando uma pausa nos materiais gringos, é claro que eu não deixaria de incluir aqui aquele que foi o brasileiro que mais ouvi durante o ano. Com “Lobos”, seu álbum de estreia, Jão, de 24 anos, sofre por um relacionamento amoroso que não anda muito bem e desabafa sobre suas próprias inseguranças. Brincando com a melancolia de “Eu Quero Ser Como Você”, a crueza de “Monstros” e a ginga de “A Rua”, o moço do interior de São Paulo não poupa em poderio vocal e nos enlaça com uma desenvoltura ímpar. Para quem não sabe, Jão, que hoje é uma das maiores apostas da música pop nacional, começou a ganhar destaque na internet fazendo covers de artistas como Lady Gaga, Rihanna, Anitta e Maiara & Maraisa. Composto por 10 canções, “Lobos” ganhou recentemente uma versão física incluindo 2 novas faixas: “Ressaca” e a inédita “Fim do Mundo”. Quem diria que ele chegaria aqui, não é mesmo?

Paradas musicais: alcançou o #2 no iTunes Brasil

4) LIBERATION – CHRISTINA AGUILERA

Gravadora: RCA Records

Lançamento: 15 de junho de 2018

Singles: “Accelerate”, “Fall in Line”

Considerações: muito se duvidou se Christina Aguilera, a voz feminina mais aclamada de sua geração, realmente voltaria a lançar música após tantos anos sem dar as caras na mídia. As nossas preces parecem ter sido atendidas, pois, depois de tanta reza, pudemos finalmente conferir o primeiro trabalho da veterana desde o morno “Lotus” (2012). Seguindo o exemplo de “Stripped” (2002) e fugindo do óbvio, em “Liberation” Xtina mais uma vez quebra tabus e canta sobre feminismo, autodescoberta e amor. Entregando-se de corpo e alma às batidas do hip-hop, do R&B, do reggae e do rock, Aguilera divide-se em nos entreter com as produções de Kanye West e nos emocionar com vocais dignos de uma lenda viva. Os duetos “Like I Do” e “Fall in Line”, indicados à 61ª edição do Grammy Awards, são a prova viva de que, mesmo sem dominar os charts, Christina continua sendo a artista visionária que jamais deixou de ser. Confira a nossa resenha completa sobre o disco acessando este link

Paradas musicais: estreou em #6 na “Billboard 200” com vendas de 68.000 cópias na primeira semana

3) THE PAINS OF GROWING – ALESSIA CARA

Gravadora: Def Jam Records

Lançamento: 30 de novembro de 2018

Singles: “Growing Pains”, “Trust My Lonely”

Considerações: crescer realmente é muito doloroso, mas é incrível como a Alessia Cara, em seu 2º disco de inéditas, faz parecer tão divertido. Seguindo a linha de “Scars to Your Beautiful” que consagrou à canadense uma vitória na 60ª edição do Grammy Awards, “The Pains of Growing” vem para refrescar a nossa memória do porquê nos apaixonamos tanto por Cara logo à primeira vista. Ainda adepta de uma sonoridade mais acústica – o que, é claro, não dispensa um pop mais enérgico aqui e ali –, a moça se aliou a produtores como Ricky Reed e ao duo Pop & Oak para nos contemplar com o que chamou de “um pouco mais de transparência”. Totalizando 15 faixas, o álbum fala por si e é uma ótima dica para todos que estão cansados do pop fabricado que permeia grande parte da música internacional. Destaque para “Nintendo Game”“7 Days” e “Girl Next Door”

Paradas musicais: estreou em #21 na “Billboard” canadense (nº de cópias desconhecido)

2) ALWAYS IN BETWEEN – JESS GLYNNE

Gravadora: Atlantic Records

Lançamento: 12 de outubro de 2018

Singles: “I’ll Be There”, “All I Am”, “Thursday”

Considerações: não é à toa que Jess Glynne, a cantora britânica com mais #1s nos charts do Reino Unido (são 7, à frente de cantoras bem-sucedidas como Cheryl e Geri Halliwell), faça tanto sucesso em sua terra natal. Dona de um vozeirão poderoso, ela conseguiu, em pouco tempo de carreira, o que muitos passam a vida inteira tentando. Lançado após três anos do “I Cry When I Laugh” (2015), “Always in Between” cumpriu o prometido e chegou, em outubro passado, trazendo o que todos queriam e tanto sentiam falta. Mais uma vez inspirada na house music, Glynne vai além e mistura pop e soul a produções de Starsmith (Ellie Goulding) e a composições de Ed Sheeran e de si própria. Com 12 faixas na edição standard e 16 na deluxe, o álbum extravasa uma espontaneidade natural que tanto procuramos em trabalhos do gênero eletrônico, mas que raramente encontramos. No que se refere ao futuro da música pop europeia, o Reino Unido está muitíssimo bem representado

Paradas musicais: estreou em #1 na “UK Albums Chart” com vendas de 36.500 cópias na primeira semana

1) TRENCH – TWENTY ONE PILOTS

Gravadora: Fueled by Ramen

Lançamento: 5 de outubro de 2018

Singles: “Jumpsuit”, “Nico and the Niners”, “Levitate”, “My Blood”

Considerações: pode ser surpresa para quem acompanha o nosso blog, quase sempre voltado à música pop, encontrar um trabalho do twenty one pilots em #1 numa lista como esta, mas não, você não leu errado (até porque esta não é a primeira vez que isso acontece por aqui). Fundindo gêneros como hip-hop e rock alternativos, Tyler Joseph e Josh Dun atingem a excelência naquele que considero o melhor disco de 2018. Ao longo de 14 faixas (todas compostas por Joseph, algumas ao lado de Paul Meany, do Mutemath), “Trench” aborda temas como , insegurança, suicídio e saúde mental. O interessante é que todo o contexto do álbum está interligado ao “Blurryface” (2015) e gira em torno da cidade metafórica de Dema, criada pelo vocalista, na qual se passa a trilogia de clipes “Jumpsuit”, “Nico and the Niners” e “Levitate” (entenda cada detalhe aqui). Aclamado pela crítica, o 5º material da dupla chega num momento em que nossos ouvidos bradam por obras que sejam realmente dignas de nosso tempo e atenção

Paradas musicais: estreou em #2 na “Billboard 200” com vendas de 175.000 cópias na primeira semana

BÔNUS:

GOLDEN – KYLIE MINOGUE

Gravadora: BMG

Lançamento: 6 de abril de 2018

Singles: “Dancing”, “Stop Me from Falling”, “Golden”, “A Lifetime to Repair”, “Music’s Too Sad Without You”

Considerações: apesar de ter deixado a fã-base de Kylie Minogue dividida, “Golden” é mais um daqueles discos polêmicos que vêm para acrescentar algo que, na maioria das vezes, nós nem sabíamos que precisávamos. Combinando o já característico dance-pop de sua discografia ao country dos EUA, a australiana prova pela milésima vez que é uma mulher corajosa e mergulha de cabeça em um dos projetos mais audaciosos de sua trajetória. Liderado pelo lead-single “Dancing” (que resenhei aqui), o 14º registro de Minogue nos estúdios de gravação foi mais do que eficaz ao recolocá-la em alta no Reino Unido; público que sempre a acolheu tão calorosamente. Por um lado, “Golden” pode até soar um pouco antiquado em razão dos muitos álbuns country-pop que brotaram em 2016 e 2017, mas, sob uma perspectiva mais positiva, precisamos ser francos e aceitar que, em termos de qualidade, Kylie nunca decepciona

Paradas musicais: estreou em #1 na “UK Albums Chart” com vendas de 48.032 cópias na primeira semana

CAUTION – MARIAH CAREY

Gravadora: Epic Records

Lançamento: 16 de novembro de 2018

Singles: “With You”

Considerações: encerrando com chave de ouro, é óbvio que não poderia deixar de mencionar o ótimo 15º disco de inéditas da Mariah Carey. Diferente de seus antecessores que permaneceram mais na zona de conforto, “Caution” arrisca em produções e revitaliza a imagem da cantora junto aos mercados hip-hop e R&B – que se revelaram o grande forte de Mariah desde a sua libertação em “Butterfly” (1997). Contando com as parcerias de Ty Dolla Sign, Slick Rick, Blood Orange, Gunna e KOHH, o álbum chegou a ser produzido por nomes de peso como Jermaine Dupri e Timbaland. Como se fosse capaz de extrair o que de melhor concebeu em seu passado lendário, Mariah acerta a mão nas indispensáveis “With You” e “Portrait”, que de longe nos remetem aos bons tempos de “We Belong Together” e das baladas do “Rainbow” (1999). Com vocais precisos e composições determinadas, Carey vai direto ao ponto e se condecora como a diva suprema de todas as divas

Paradas musicais: estreou em #5 na “Billboard 200” com vendas de 51.000 cópias na primeira semana

MENÇÕES HONROSAS:

Apesar de elencar acima aqueles que considero os melhores discos do ano, é importante citar outros que também ganharam destaque nestes últimos meses e que, sem sombra de dúvidas, merecem ao menos nossas menções honrosas. Assim, também destacamos o “Dancing Queen”, da Cher; o “Fatti Sentire”, da Laura Pausini, o “Icarus Falls”, do Zayn; o “Sweetener”, da Ariana Grande; o “Origins”, do Imagine Dragons; o disco homônimo, do Shawn Mendes; o “Bloom”, do Troye Sivan; o “Dona de Mim”, da Iza; e a trilha-sonora do filme “A Star is Born”, da Lady Gaga com o Bradley Cooper.

E para vocês, quais foram os 10 melhores álbuns de 2018? Não deixe de nos dizer no espaço para comentários à seguir. Muito obrigado por nos acompanhar em 2018 e um Feliz Ano Novo para você e para toda sua família!

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Escapando da abstinência, Christina Aguilera atinge a excelência com o hip-hop e R&B do novo “Liberation”

Há quase três anos disponibilizamos aqui no blog o que pretendia ser o desabafo de um fã insatisfeito com os rumos tomados na trajetória de sua cantora favorita (relembre). Após tanto tempo sem novidades anestesiados pelo lançamento de uma canção aqui e outra ali, finalmente fomos contemplados, na penúltima sexta, com o aguardadíssimo novo álbum da Christina Aguilera. Superando alguns deslizes do passado e caprichando no que de melhor sabe fazer, a veterana não economizou na lista de colaboradores e, ao lado de nomes como Kanye West, pôs um fim aos comentários que acusavam sua falta de relevância em pleno 2018.

Especial não apenas por quebrar um interminável hiato de 6 anos, mas também por chegar a nós no mês em que sua intérprete completa 2 décadas de carreira“Liberation” segue o antigo histórico de Xtina e ousa em todos os aspectos possíveis. Reafirmando sua fama de revolucionária, a obra é um presente e tanto para todos aqueles que sentiram falta de uma Christina cheia de desenvoltura e acostumada a fugir do óbvio. Detalhes à parte, você encontra, a seguir, nossas principais reflexões sobre o esperado sucessor de “Lotus” (2012). Demorou, mas sobrevivemos para finalmente ver o novo projeto da loira ganhar a luz do dia!

Precedentes:

Sem maquiagem, Christina em ensaio fotográfico para seu 8º álbum de estúdio

Quem acompanha os passos de Christina Aguilera já deve ter notado que, desde o “Stripped” (2002), não houve um disco sequer (à exceção de “Lotus”) que tenha sido liberado num período de tempo inferior a 4 anos. Perfeccionista como ninguém, Aguilera é conhecida por mergulhar de cabeça na imagem criativa de cada nova era que encabeça, sempre com um olhar detalhista e à frente de seu tempo. Flertando com o jazz e as músicas eletrônica e urbana, a musicista sempre demonstrou uma versatilidade digna de rainhas do pop como Cher e Madonna. Seja pelas minúcias de seus ensaios fotográficos ou pelo alter ego escolhido para sustentar sua voz, Christina é, sem sombra de dúvidas, uma das poucas artistas de sua geração realmente engajada a transmitir uma mensagem de empoderamento despretensioso. Consagrada pelos méritos de “Back to Basics” (2006) e perseguida pelos fracassos de “Bionic” (2010), ela é o exemplo perfeito de pessoa pública que já viveu todos os altos e baixos que somente uma celebridade do alto escalão poderia ter vivido.

Após atuar no The Voice durante anos e passar por uma segunda gravidez que a manteve afastada dos holofotes, foi com muito custo que os fãs puderam segurar as pontas com faixas gravadas para a trilha-sonora de musicais como “Finding Neverland” e séries de TV como “Nashville”. Pegando-nos de surpresa no mês passado com a tão sonhada data de lançamento do seu 8º material de inéditas (6º se desconsiderarmos o “Mi Reflejo” e o “My Kind of Christmas”), a cantora animou ainda mais os ânimos do público quando anunciou em conjunto a futura “Liberation Tour”, sua primeira turnê em mais de uma década. Com previsão de estreia para setembro deste ano, Christina deve percorrer cidades da América do Norte até novembro, quando provavelmente estenderá seus shows para outras regiões do mundo. Vale lembrar que sua última visita ao Brasil se deu em 2011, quando desembarcou em terras tupiniquins tão somente para promover sua linha de roupas para a “C&A”. Bem que uma apresentação musical não cairia mal!

Livrando-se das correntes:

Autodescoberta, feminismo e amor são alguns dos temas abordados em “Liberation”

Ganhando as redes sociais em publicações que prometiam um trabalho mais intimista, o conceito do novo CD teria surgido pela recusa da própria Christina para com sua gravadora de gravar músicas voltadas para o mercado mainstream. Contando à rádio “Beats1” que se sentiu mais uma vez presa à era “Genie in a Bottle”, a cantora não pensou duas vezes e se entregou de corpo e alma às batidas do hip-hop, do R&B, do reggae e do rock. Consequentemente, muitos foram os boatos de que a divulgação do “Liberation” estaria sendo custeada inteiramente pela equipe da moça, sem o apoio da RCA Records (ou seja, de forma independente), mas no fim das contas nada foi realmente confirmado. Oficialmente liberado no dia 15 de junho, o popularmente denominado X6 vem sendo gravado desde 2014. À época, produtores como Pharrell Williams, Mark Ronson e até Linda Perry chegaram a visitar os estúdios de gravação com Aguilera, apesar de suas colaborações não entrarem para a edição final do novo álbum.

Recebendo as composições de Tayla Parx (“Love Lies”), Teddy Geiger (“In My Blood”), Julia Michaels (“Sorry”), Justin Tranter (“Bad Liar”), Nicholas Britell (trilha sonora de “Moonlight”) e da própria Christina (que assina 10 das 15 faixas), “Liberation” foi produzido por Kanye West, Che Pope, Anderson Paak, Ricky Reed, MNEK entre outros, todos envolvidos com a black music. Contando com as parcerias vocais de Demi Lovato, Keida, Shenseea, GoldLink, Ty Dolla Sign, 2 Chainz e XNDA, a obra aborda temas como autodescoberta, liberdade de expressão e de padrões, feminismo e amor. Responsável por inaugurar a nova era, o lead-single “Accelerate” chegou com uma vibe pesadíssima exalando uma sensualidade que não víamos há muito tempo (ouça). Duas semanas mais tarde, foi a vez de “Fall in Line” dar continuidade ao legado feminista iniciado por “Can’t Hold Us Down” 15 anos antes se estabelecendo como 2º single oficial, enquanto “Twice” e “Like I Do” seguem como singles promocionais.

O clipe de “Fall in Line”, parceria com a Demi Lovato e dirigido por Luke Gilford

Conquistando as boas graças da crítica especializada, “Liberation” acumulou merecidos 71/100 no Metacritic (incluindo a aprovação instantânea do “The New York Times” e da “Rolling Stone”), se tornando, até agora, o álbum de Christina melhor avaliado no site – seguido de “Back to Basics”, com 69/100. Já na Billboard 200, a principal parada de discos nos EUA, a previsão é de que venda de 70 a 75 mil cópias na primeira semana, número este bem similar ao de “Lotus”, que debutou com 73 mil em sua first week. Apesar de esta não ser sua melhor semana nos charts norte-americanos, Aguilera já deixou claro, antes mesmo de lançar o CD, que não liga para o desempenho ou os números a serem obtidos. Bem, se depender da aprovação do público, realmente não há com o que se preocupar!

Em busca de Maria:

Para promover o novo álbum, foi lançado no YouTube o mini documentário “Where’s Maria”, que você pode assistir aqui (sem legendas)

Abrindo a tracklist daquela maneira já conhecida pelos fãs, a primeira faixa a dar as caras por aqui é a que também dá nome ao disco. Tal como as introduções dos álbuns anteriores, “Liberation” tenta não apenas nos adiantar o que vem pela frente, mas também representar a essência da obra em sua totalidade. Eficiente ao capturar a alma do novo projeto com um instrumental suave que beira a perfeição, a canção consegue, em menos de 2 minutos, despertar a curiosidade e acalmar os ânimos de todos que esperaram euforicamente pelo lançamento do material. Falando consigo mesma e pedindo para se lembrar de suas essências, Christina logo dá voz para “Searching for Maria”, um breve interlúdio à capella que faz referência ao clássico “Uma Noviça Rebelde” (1965) – e é claro, ao seu nome do meio. Assim, chegamos a “Maria”, tida por muitos como a melhor gravação desta nova era. Utilizando-se de samples de “Maria (You Were the Only One)”, do Michael Jackson, a faixa de nº 3 foi composta e produzida por ninguém menos que Kanye West, o polêmico rapper que também esteve por trás do carro-chefe “Accelerate”. Não mais reconhecendo seu reflexo no espelho, a cantora relata na letra de “Maria” toda a solidão que sentiu durante os anos em que não esteve na ativa, confinada em si mesma num lugar obscuro e sem saída.

E já que estamos falando do tempo em que Aguilera se ausentou dos holofotes, “Sick of Sittin’” é a pedida perfeita para todos que já se sentiram estagnados pelo menos uma vez na vida. Revelado no Instagram que a produção critica a “previsível e clichê máquina de fazer dinheiro”, há quem diga que se trata, na verdade, de uma indireta ao The Voice, programa que Christina recentemente alfinetou em uma entrevista para a Billboard. Protagonizado por um grupo de jovens garotas inspiradas por seus maiores sonhos, “Dreamers” prepara o caminho para “Fall in Line” nos emocionando com trechos que variam de “eu quero ser presidente” a “eu sou a dona do meu próprio mundo”. Incluindo a participação especial de Demi Lovato, finalmente chegamos ao maior hino feminista dos últimos anos. Soltando o verbo, a dupla enaltece toda a força feminina enquanto luta contra o machismo que se encontra enraizado na sociedade desde os seus primórdios (e o melhor de tudo: com vocais impressionantes).

Esteticamente semelhante ao “Stripped”, muito de “Liberation” nos faz lembrar daquela ousadia que transformou Aguilera na artista visionária de hoje em dia

Após brincar com o rock à lá Janis Joplin em “Sick of Sittin’”, eis que é chegado o momento de Xtina experimentar o reggae em “Right Moves” com as rappers Keida e Shenseea. Já na metade da tracklist, é imprescindível para Aguilera manter o interesse do público depois de três performances vocais de tirar o fôlego – e é aqui que as batidas da Jamaica entram para relaxar o ouvinte. Voltando para o hip-hop predominante do disco, “Like I Do” se impõe no que podemos chamar de a melhor disputa de egos de todos os tempos. Produzida por Anderson Paak e cantada ao lado de GoldLink, o possível próximo single de “Liberation” cresce de forma inteligente enquanto mescla referências ao sitcom “Um Maluco no Pedaço” (1990-1996) e aos hits “Genie in a Bottle” e “Ain’t no Other Man”. Tal como diversas faixas do “Back to Basics” dedicadas ao ex-marido Jordan Bratman, “Deserve” surge como um desabafo dos bons e maus momentos vividos ao lado do atual noivo, Matthew Rutler. Emendando “Twice”, composta por MNEK e Julia Michaels, a musicista canta sobre não se arrepender de suas escolhas em uma das baladas mais poderosas (vocal e instrumental) de sua discografia.

Se aproximando da reta final, o interlúdio “I Don’t Need It Anymore” deixa claro que a antiga Christina desacreditada do mundo finalmente abriu seus olhos. Novinha em folha, ela une suas forças aos rappers Ty Dolla Sign e 2 Chainz para transmitir o recado de “Accelerate”. Apesar de não ter sido bem aceito por uma parcela significativa dos fãs (vale lembrar que até mesmo “Dirrty” sofreu duras críticas lá em 2002), o lead-single do X6 demonstra total coesão com o restante da tracklist; revelando-se talvez não o carro-chefe perfeito, mas sem sombra de dúvidas uma parceria a ser lembrada. Ainda inspirada pelo R&B de Che Pope (o produtor de “Maria”), Aguilera e o misterioso XNDA (que ninguém sabe quem é, mas especulam ser Lewis Hamilton) nos entregam a 5ª e última parceria do disco, “Pipe”. Flertando com as diferentes texturas e tons de sua voz, Xtina faz aqui algo bastante similar ao experimentado em “Bionic”, quando preferiu deixar o vozeirão em segundo plano para criar uma sonoridade diferente. Com uma vibe mais puxada para o “Lotus”, chegamos à romântica “Masochist”, que já havia vazado meses antes em um trecho de poucos segundos. Confessando suas inseguranças sobre se casar novamente – e seguindo o caminho de “Deserve” –, “Unless It’s with You” encerra a obra nos deixando com um gostinho de quero mais com o que pode ser chamado de uma prima distante de “The Right Man”.

Enfim livre… e mais relevante do que nunca:

Cada interlúdio e faixa principal parecem posicionados de modo estratégico na tracklist, complementando-se e dando um propósito para uma das obras mais coesas já lançadas pela cantora

Desde que Madonna e Michael Jackson se estabeleceram como os dois maiores ícones da música pop, o público sempre questionou quem seria o candidato perfeito para dar continuidade ao legado de reinvenções iniciado por ambos. Cogitada, ao lado de Britney Spears, como o futuro da indústria fonográfica desde que iniciou sua carreira no final da década de 90, Christina cresceu diante de nossos olhos sob a pressão esmagadora de nos entregar nada menos do que o melhor. Vinte anos mais tarde, essa pressão continua a mesma! Seguindo seus passos sempre fiel à sua forma única de se expressar, Aguilera jamais teve medo de falar sobre temas importantes e necessários – seja denunciando o abuso infantil ou o machismo propagado por aqueles que se veem numa posição de falsa superioridade. Batendo de frente contra todos que já tentaram silenciar sua voz, a musicista é constantemente associada a grupos que lutam pelos direitos das minorias e se esforçam para fazer do mundo um lugar melhor (vide seu trabalho humanitário em combate à fome).

Após lançar um álbum morno e desaparecer por 6 anos, grande era a expectativa do público de como seria o retorno de Xtina à ativa. Dando um chega-pra-lá na ociosidade, a vocalista demonstra ter encontrado a inspiração que lhe faltava para recuperar uma chama que desde o fim precoce da era “Bionic” parecia ter se apagado. Pondo um fim também ao discurso decorado e vazio da “flor-de-lótus que sobrevive aos ambientes mais desfavoráveis” (e que no fim também morreu prematuramente), a moça revela por seus atos que esteve realmente engajada a fazer de “Liberation” um trabalho a não ser esquecido. Seja em composições, produções ou sonoridade, cada colaborador do X6 parece ter sido escolhido a dedo para contribuir de maneira ímpar, dando seu sangue e suor para um material genuinamente digno do catálogo de Christina. Caindo como uma luva, o hip-hop e R&B que permeiam o CD revelam-se totalmente coesos com o histórico da cantora, não soando, a qualquer momento, forçados ou desesperados. Seja encorajando seus fãs na luta por libertação, seja brincando (e o mais importante, se divertindo) ao experimentar gêneros alheios ao pop, não há dúvidas de que Christina Aguilera voltou a ser aquela força motriz capaz de mover mares e montanhas que todos sentimos tanta falta.

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Christina Aguilera abre seu coração para Orlando e nos emociona com nova música! Conheça “Change”

Foi assim, sem qualquer alarde ou aviso prévio, que a noite de quinta (16) para sexta (17) se tornou um pouquinho mais especial quando a nova música de Christina Aguilera surgiu misteriosamente em nossas redes sociais. Antecedida por um boato que começou a percorrer a web momentos antes do seu lançamento oficial, é verdade que a nova balada da cantora foi certeira ao investir na emoção e merecidamente ser bem recepcionada de imediato pelo público; todavia, existe um lado muito mais sombrio por trás da inédita “Change” que infelizmente não poderia passar despercebido em uma resenha como esta.

Se você, caro leitor, tem acompanhado as últimas notícias internacionais, então certamente já ficou sabendo do terrível massacre que tomou a cidade de Orlando no último dia 12 – quando 49 pessoas foram brutalmente assassinadas (e 53 ficaram feridas) em uma boate voltada para a comunidade LGBTQ. Após movimentar as manchetes de toda a mídia e se tornar o assunto mais comentado da semana, o tiroteio a sangue frio foi classificado como o mais grave da história dos EUA – o que, consequentemente, gerou uma onda de solidariedade que se espalhou rapidamente para o resto do mundo. E, entre diversas celebridades que cederam um pouquinho do seu tempo para falar sobre o ocorrido, Aguilera decidiu botar a mão na massa e, assim como o reconfortante discurso de Lady Gaga, não exagerou ao tentar fazer algo um pouco mais eficaz para os envolvidos em tamanha tragédia.

Christina em ensaio fotográfico de 2014 (foto por Mark Liddell)

Composta pela própria Christina em parceria com Fancy Hagood e Flo Reutter – e produzida pelo último –, a nova e superpoderosa balada é distribuída sob o selo da “RCA Records” (a gravadora da musicista) e é aguardada para estar presente no próximo álbum da loira, o qual é esperado para ainda este ano. Tal qual como aconteceu com “Lift Me Up”, há seis anos (quando a parceria com Linda Perry foi liberada tempos antes do disco “Bionic” em prol às vítimas do desastre no Haiti), especula-se que a novidade não seja lançada como o próximo single oficial de Xtina, mas tão somente uma faixa avulsa de caráter beneficente. Em uma nota de imprensa que ganhou o site da moça junto com o lançamento em questão, foi revelado que, durante o período de três meses (17/06 a 14/09), todas as vendas digitais acumuladas com a canção por meio do iTunes serão revertidas para o “National Compassion Fund” em benefício das vítimas e familiares atingidos pela atrocidade. A seguir, você confere, na íntegra, a tradução completa do conteúdo veiculado na carta aberta ao público escrita pela veterana:


“A horrível tragédia que aconteceu em Orlando continua a incomodar muito a minha mente. Eu estou continuamente direcionando muito amor e muitas orações para as vítimas e seus familiares. Como muitos outros, também quero ser parte da mudança que este mundo precisa sofrer para se tornar um local inclusivo onde a humanidade possa se amar de forma livre e apaixonada. Nós vivemos em uma época de diversidade, uma época de possibilidades infinitas, onde a expressão individual é algo a ser celebrado. No lugar disso, eu fico aqui imaginando quantas pessoas cheias de amor podem ser afetadas por tanto ódio.

Apesar desta tristeza tão pesada, eu acredito que o mundo tem mais amor do que imaginamos. A gente precisa amar de novo, aprender que uma só pessoa pode sim fazer a diferença; é só mantermos o amor em nossos corações. Como Nelson Mandela disse uma vez: ‘ninguém nasce odiando uma pessoa pela sua cor, passado ou religião. As pessoas precisam aprender o que é o ódio, e se elas podem aprender a odiar, então também podem ser ensinadas a amar, porque o amor vem mais naturalmente do coração humano do que o oposto’.

Todos temos a oportunidade de espalhar o amor, encorajar a individualidade e fazer diferença aos outros – nós estamos nesta juntos, como um, unidos pelo amor. Mando a todos meu amor, pensamentos e orações”.


Sucessor de “Lotus” (2012), o próximo disco de Aguilera é aguardado para este ano

Cantando precisamente sobre a mudança que muitos têm esperado da sociedade conturbada na qual vivemos (ou sobrevivemos?), Christina não se limita à temáticas “polêmicas” como orientação sexual e diversidade de gênero e vai além ao incluir em “Change” sua total reprovação ao racismo e à xenofobia (outros dois males terríveis que tristemente nos afetam mais e mais dia após dia) – você confere a tradução completa da canção aqui. Levemente inspirada pelo R&B e pelo pop que constantemente dão as caras em seu catálogo, a música soa, à primeira vista, como a sólida combinação do perfeccionismo de “Bionic” com o lado mais intimista de metade do “Lotus” (os últimos discos liberados pela cantora, em 2010 e 2012, respectivamente). Semelhanças à parte, a balada não se resume apenas em comparações banais e esdrúxulas, e, este é o momento no qual pedimos a você, caro leitor, que nos permita abrir uma ressalva em nosso blog para sair da nossa zona de conforto técnica e discorrer um pouquinho mais sobre a questão social que contorna a maravilhosa “Change”. Assim, nos permitimos enxergar esta música recém-lançada não como uma prévia do próximo (e aguardadíssimo) álbum da grande vocalista que é Aguilera, mas, talvez, uma profunda reflexão do que ela precisou passar para chegar aonde se encontra atualmente.

É de conhecimento de todos que acompanham a indústria fonográfica que os últimos anos não foram os mais fáceis para a carreira musical da intérprete de “Genie in a Bottle” – no que se refere à questão comercial e promocional, é claro. Após ver seus dois últimos álbuns com um desempenho bem aquém daquele obtido pelos exitosos “Christina Aguilera” (1999), “Stripped” (2002) e “Back to Basics” (2006), a loira viveu uma maré de azar que, inevitavelmente, prejudicou em muito o seu nome perante o mercado contemporâneo. Dando a volta por cima e, inclusive, quebrando recordes de público em um recente festival do qual foi a atração principal, Xtina ressurge agora com o que pode ser não apenas o começo de uma nova era em sua discografia, mas também o renascimento de quem ela se tornou como artista (e pessoa). E “Change” é, em nossa opinião, a escolha perfeita para nos introduzir a esta “Nova-Antiga Aguilera” muito mais segura de si.

O lyric vídeo oficial de “Change”, a nova música da cantora

Como todos já estão cansados de saber, não apenas o Brasil, mas o planeta Terra, como um todo, se encontra em um período em que informação e conhecimento estão disponíveis bem na palma de nossas mãos – seja pelo uso da internet, seja pelos demais meios de comunicação. Contudo, se possuímos a sorte grande de viver na tão desejada era do avanço tecnológico, também estamos sujeitos a fazer parte (ativa ou passivamente) de um retrocesso que é completamente anormal para a história da humanidade. Ao invés de o ser humano se adequar para acompanhar todo o crescimento que é inerente de seu trabalho duro como pesquisador e desbravador, cada vez mais nos sujeitamos a situações como a de Orlando, na qual uma imensidão de pessoas é privada de sua felicidade (e até mesmo de sua vida) em decorrência de alguns que não são capazes de aceitar o amor e as diferenças entre seus iguais.

E, apesar de muitos taparem o sol com a peneira ou simplesmente ignorar o fato de que tudo o que tem acontecido é a mais pura demonstração de que chegamos até o fim dos tempos, é exatamente o contrário que esta “Nova-Antiga Christina” está tentando nos fazer enxergar por meio de “Change” (uma tarefa que, diga-se de passagem, já desempenha desde os primórdios de sua carreira em pérolas como “Beautiful” e “The Voice Within”). Não que a moça tenha mudado abruptamente o seu modo de agir ou de trabalhar como cantora e compositora, pois, o seu atual lançamento reflete muito mais uma evolução espiritual do que meramente musical. Utilizando-se de sua voz para falar sobre a dor que milhões de pessoas suportam diariamente para conseguir viver suas vidas com um mínimo de honestidade consigo mesmas, Aguilera, mais uma vez, acerta ao abraçar as minorias e provar que seu coração consegue exceder a magnitude de qualquer nota musical bem executada. No fim, tudo que nos resta é manter a esperança e continuar lutando para fazer do mundo um lugar melhor. E claro, isso nos leva a crer que…

…Não importa quem somos ou para onde vamos, desde que saibamos como respeitar quem está à nossa volta, independente de seus gostos pessoais, características externas (e/ou internas) ou objetivos de vida. Infelizmente, o ser humano não tem sido capaz de acompanhar tudo o que foi capaz de criar até aqui, e se um dia ele já pôde ser visto como alguém brilhante dotado de sabedoria infinita, tudo o que nos resta hoje é admirar quem nós já fomos, mas não no que nos tornamos. De alguma maneira escabrosamente assustadora, perdemos o nosso propósito em vida e nos deixamos levar por um instinto irracional que não acomete nem o pior dos animais selvagens (estes sim justificadamente irracionais). De fato, se pararmos para fazer uma rápida análise sobre tudo o que dissemos anteriormente, sem qualquer cunho religioso ou científico, podemos chegar à única conclusão de que o mal não existe… mas sim, o homem.

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Playlist: 3 músicas que você precisa conferir neste “Dia das Mães”

Apesar de termos inúmeros feriados ao longo do calendário que comemoram as mais importantes datas do ano, o “Dia das Mães” tem o seu diferencial exatamente por dar destaque aos seres mais importantes de nossas vidas: as nossas mães.

Pensando nisso, a publicação de hoje não visa resenhar qualquer lançamento musical ou clássico dos cinemas, mas, exclusivamente, fazer uma singela homenagem às milhares de mulheres do mundo inteiro que gastam muito do seu tempo se dedicando mais aos filhos que as suas próprias vidas.

Dessa forma (e sem qualquer pretensão de tornar este post gigantesco), selecionamos, a seguir, 3 músicas de diferentes situações (mas todas voltadas à temática maternidade) que você – mãe, filho ou marido – precisa conferir para tornar esse dia ainda mais especial. Clique nos links abaixo de cada imagem para ouvir a respectiva música.


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Quando você é a mamãe… “Someday (I Will Understand)”, Britney Spears:

Assista ao clipe oficial de “Someday (I Will Understand)”

Inevitavelmente, quando o assunto é Britney Spears, muita gente automaticamente se lembra dos hits dançantes da cantora e de toda a imagem sexualizada transmitida pela maioria dos clipes e espetáculos que já levaram o nome da “Princesinha do Pop”. Porém, o que muita gente não sabe (ou acaba se esquecendo) é que um dos maiores ícones dos anos 2000, por diversas vezes, já dedicou muito do seu tempo para compor e gravar algumas das baladas mais bonitas que tivemos o prazer de escutar ao longo da última década. E “Someday (I Will Understand)” é sem sombra de dúvidas uma delas.

Lançada em agosto de 2005, a canção foi composta pela própria musicista e dedicada a seu primeiro filho, Sean Preston, que viria a nascer no mês seguinte. Com produção de Guy Sigsworth, o clipe foi dirigido por Michael Haussman e conta com uma Srtª Spears gravidíssima em cenas gravadas totalmente em preto e branco. Sobre o single (o qual, inclusive, foi incluso na coletânea “B in the Mix: The Remixes” e no EP “Chaotic”), Britney revelou que a música chegou “como uma profecia… quando você está grávida, se sente empoderada”.

Outras canções de Britney Spears que abordam o assunto maternidade incluem: “My Baby” (do álbum “Circus”, de 2008) e “Brightest Morning Star” (do álbum “Britney Jean”, de 2013).


Quando você é a filha… “Oh Mother”, Christina Aguilera:

Assista ao clipe oficial de “Oh Mother”

Que Christina Aguilera sempre teve uma ótima mão para a composição dos hinos insubstituíveis que pudemos conferir pelo decorrer de sua longa carreira de 18 anos, isso ninguém pode negar. E, por mais que o passado da “Voz da Geração”, frequentemente, se sobressaia em um single aqui e outro acolá, a verdade é que são em suas baladas super intimistas que encontramos toda a dor já vivida pela grande vocalista que consolidou-se como uma das mais multifacetadas da indústria fonográfica.

Totalmente inspirada na infância traumática que viveu ao lado de um pai militar, Aguilera dedicou o 5º single do prestigiado “Back to Basics” (de 2006) como uma forma de tributo à Shelly Loraine Fidler, sua genitora, e à força por ela desempenhada para manter a família em segurança das constantes agressões do patriarca. Composta pela Christina ao lado de Derryck Thornton, Mark Rankin, Liz Thornton, Kara DioGuardi, Bruno Coulais e Christophe Barratier, “Oh Mother” foi lançada em 2007 e teve seu videoclipe retirado da apresentação que a loira fez para a “Back to Basics Tour”, turnê que percorreu o mundo de novembro de 2006 a outubro de 2008. Sobre o single, Xtina foi categórica ao dizer que “o abuso que sofreu dentro de casa em uma idade tão jovem a afetou bastante” e completar que “a violência doméstica ainda é um tema mantido em segredo na sociedade”.

Outra canção de Christina Aguilera que aborda o assunto maternidade é “All I Need” (do álbum “Bionic”, de 2010).


Quando você gostaria de ser a mamãe… “Flower”, Kylie Minogue:

Assista ao clipe oficial de “Flower”

Por fim, “Flower”. Apresentada pela primeira vez por Kylie como faixa integrante da setlist da “KylieX2008”, a 10ª turnê da australiana, a canção jamais gravada em estúdio passou longos quatro anos antes de ter sua versão definitiva revelada como parte integrante do “K25”: o projeto que comemorou, em 2012, os 25 anos de carreira da cantora. Composta por Minogue e Steve Anderson para o álbum “X” (de 2007), a balada acabou sendo engavetada e reaproveitada no concerto que promoveu o disco e percorreu o globo entre maio de 2008 a agosto de 2009.

Produzida pelo próprio Steve Anderson, é, ainda, o carro-chefe do “The Abbey Road Sessions”, a coletânea que teve todas suas faixas regravadas naquele mesmo ano ao lado de uma orquestra profissional nos estúdios “Abbey Road” (o mesmo utilizado pelos Beatles nos anos 60). Por muito tempo, não se soube, de fato, se “Flower” falava sobre o sonho da musicista em ter filhos (para quem não sabe, ela foi diagnosticada com câncer de mama em 2005 – e o tratamento, em si, diminui consideravelmente as possibilidades de se poder engravidar), até que, ainda em 2012, ela chegou a dizer durante uma entrevista: “é uma canção de amor para uma criança que eu possa vir a ter ou não. Sem soar muito surreal, eu sinto que há esperança. Estão constantemente me perguntado: ‘você vai ter filhos?’, e eu odeio essa pergunta! ‘Flower’ é uma canção muito bonita sobre isso. É uma pergunta da qual eu não sei a resposta”.


Quais músicas sobre maternidade você conhece e gostaria de compartilhar conosco? Deixe suas recomendações nos comentários a seguir.

Aos 35, Christina Aguilera comemora aniversário com carreira de ouro! Relembre os melhores momentos

Depois de uma conterrânea sua ganhar um post exclusivo por aqui comemorando 34 longos anos de vida e sucesso, confesso que não estaria sendo nem um pouco justo com uma das maiores vozes da música internacional se deixasse este 18 de dezembro passar em branco. Quem é mais atento às datas já deve ter notado que estou me referindo à poderosa Christina Aguilera, mas, se você não foi capaz de associar essa pequena introdução à nossa querida mentora do “The Voice”, não se preocupe, pois esta é a oportunidade perfeita para aguçar os seus conhecimentos sobre a insubstituível “Voz da Geração”. Completando 35 primaveras inesquecíveis, nossa talentosa cantora do soul e do pop não cansa de nos surpreender com sua brilhante história de vida que é contada por meio de uma das artes mais antigas da humanidade (e que domina com tanta maestria): a música.

Também começando no popular “Clube do Mickey” durante os anos 90 – assim como seus antigos colegas de trabalho Britney Spears e Justin Timberlake –, Christina não demoraria muito tempo para ser “redescoberta” por Steve Kurtz, o grande responsável por introduzi-la ao meio musical. Depois de gravar um dueto com o cantor Keizo Nakanishi que poucos tomariam conhecimento (o single “All I Wanna Do”), Aguilera seria anos mais tarde apresentada à “Reflection”, a sua grande estreia como solista que lhe rendeu uma merecida nomeação ao “Globo de Ouro” de 1999, por “Melhor Canção Original”. Chamando a atenção do público por possuir uma voz impactante e cheia de emoção, a cantora lançaria o seu primeiro álbum naquele mesmo ano, quando ainda tinha apenas 18 anos.

Christina em ensaio fotográfico para a Elle Brasil, edição de 2013

“Christina Aguilera”, o disco homônimo, chegou chegando com os #1s “Genie in a Bottle”, “What a Girls Wants” e “Come on Over Baby (All I Wanna Is You)”, colocou-se no topo da “Billboard 200” e de quebra vendeu mais de 8 milhões de cópias apenas nos EUA (dados de 2014), chegando a distribuir pelo globo mais de 17 milhões (dados de 2010). Simpatizando-se pela música natalina e saindo em busca de suas origens latinas, a virada do ano marcou não apenas a chegada do novo milênio, mas também da curiosidade de Aguilera por duas sonoridades tão distintas que foram registradas em “My Kind of Christmas” e “Mi Reflejo”, os projetos secundários da atarefada iniciante. Seus êxitos imparáveis lhe consagraram a primeira vitória aos concorridos prêmios “Grammy” (de 2000), como “Melhor Novo Artista”, desbancando a pessoa que lhe renderia pouco tempo depois uma das maiores rixas de toda a cultura popular: Britney. Um ano depois, a loira venceria o seu primeiro “Grammy Latino” por “Mi Reflejo”.

Relembrando-se da infância conturbada que teve com o pai, Fausto – Aguilera chegou a declarar por diversas vezes que foi vítima, ao lado de sua mãe, de constantes agressões físicas e mentais propagadas pelo genitor –, a musicista juntou todas as suas forças para elaborar o que hoje é considerada uma das maiores obras-primas da música pop contemporânea: o disco “Stripped”. Caprichando nas composições, nas indiretas e em todo seu poder de autoafirmação feminista, a antiga Christina que muitos conheciam não mais estava viva para contar história quando o 4º lançamento assinado sob o seu nome viu a luz do dia em um distante 2002. Movida pelo carro-chefe “Dirrty” e por um insaciável desejo de novos caminhos, a antiga e comportada garotinha de Staten Island (Nova Iorque) passou a querer ser chamada pelo alter ego Xtina e gerou grande polêmica enquanto exibia as curvas de seu corpo em ensaios fotográficos pra lá de sensuais.

Já crescida e pronta para a próxima batalha, Aguilera vivia uma ótima fase em sua carreira quando decidiu retirar-se do cenário musical e ausentar-se durante 4 anos: o tempo necessário para a criação, gravação e produção do prestigiado “Back to Basics”. O 5º álbum da loira, o qual fazia um honroso tributo ao que de melhor tocou nos anos 20, 30 e 40, foi muito bem aceito pela crítica e pelas pessoas que acompanhavam fielmente os primeiros passos dados pela estreante Baby Jane (seu segundo alter ego), a sucessora natural de Xtina. Apostando no estilo pin-up e em todo o glamour do século passado, Christina não apenas reformulou a sua imagem pública como também a sonoridade de suas respeitadas músicas, que agora soavam menos pop e mais jazz com soul e R&B. Liberando as queridinhas dos fãs “Candyman” e “Hurt”, Aguilera, mais uma vez, finalizaria uma era de ouro com sua quinta vitória no “Grammy”, agora pelo carro-chefe “Ain’t No Other Man” (ela havia vencido, também, anos antes com a colaboração “Lady Marmalade”, em 2002, e com o hino “Beautiful”, o maior sucesso de seu catálogo, em 2004).

Christina em ensaio fotográfico para a Elle Brasil, edição de 2013

Indo para a direção oposta de “Back to Basics”, quando optou por tomar um caminho mais retrô reformulado pela música pop de 2006, chegou a vez de “Bionic” dar prosseguimento aos lançamentos da moça e apostar todas as suas fichas em um som mais futurista, cheio de sintetizadores e instrumentais ultramodernos. Já começando a vindoura nova fase com o pé esquerdo, Christina acabou sendo pega para Judas e viveu o que muitos chamam de “o período mais obscuro de sua vida”. Não apenas um fracasso comercial, “Bionic” surgiu para virar tudo na vida da cantora de cabeça para baixo, desde o rompimento com seu marido, com quem era casada desde 2005, até comparações com outros artistas, como Lady Gaga. Cancelando todos os projetos paralelos que havia planejado para divulgar seu 6º álbum, a musicista encerrou rapidamente uma das eras mais criativas de sua discografia para se proteger dos constantes ataques que sofria da mídia e do público.

Tirando o finzinho de 2010 para promover a sua primeira aparição em um longa-metragem, o musical “Burlesque” não pecou ao trazer uma trilha-sonora bem produzida que contou com oito faixas de Aguilera e duas de Cher (a co-protagonista do filme). Recebendo três indicações (e vencendo uma) ao “Globo de Ouro”, de 2011, e duas ao “Grammy” de 2012, logo o trabalho da cantora passou a ser deixado de lado para que os tabloides focassem no seu ganho de peso e em uma série de notícias negativas (a maioria falsa) que incluía direção perigosa ao volante e maus tratos ao seu próprio filho, Max.

Mais uma vez recuperando-se das armadilhas do destino, Christina surgiu em 2012 com o disco “Lotus”, o seu tão anunciado retorno à indústria musical, que também acabou por não vingar. Abandonando cedo a divulgação da era multicolorida que mal começou para ser engavetada após poucas apresentações de “Just a Fool” e nenhuma do first single, “Your Body”, Xtina ingressou em uma enxurrada de parcerias que lhe renderia uma energia receptiva do público (entre elas os featurings “Feel This Moment”, “Hoy Tengo Ganas de Ti” e “Say Something”, este último lhe atribuindo uma vitória ao “Grammy” deste ano – o sexto gramofone dourado da artista –, por “Melhor Colaboração de uma Dupla ou Grupo”).

De “Genie in a Bottle” a “Say Something”: confira a nossa playlist que traz 22 grandes clipes já gravados pela “Voz da Geração” e que merecem toda a sua atenção!

Atualmente gravando seu 8º disco de inéditas (o 6º lançamento principal de sua discografia), se depender de Aguilera essa constante onda de azar poderá finalmente ser chutada para longe, muito longe. Já confirmando que está trabalhando com colaboradores que longa data, como a incomparável Linda Perry (com quem mantém uma forte amizade desde o disco “Stripped”), e com outros novos convidados, como o DaInternz (responsável por “Anaconda”, de Nicki Minaj), o projeto ainda secreto é esperado para o 1º semestre de 2016 com direito, até mesmo, a uma turnê mundial (isso de acordo com as promessas de Irving Azoff, o atual empresário de Aguilera). Desde a “Back to Basics Tour”, encerrada em 2007, que a cantora não ingressa em uma tour pelo mundo todo.

Mãe solteira, Christina é noiva do produtor Matthew Rutler (quem conheceu durante as gravações de “Burlesque”) e juntos eles deram vida à Summer, a segunda filha da cantora, no ano passado. Engajada com diversos projetos sociais, como o “World Food Programme” (saiba um pouco mais sobre a campanha de 2015 acessando este link), Aguilera vem desde o início da sua carreira aventurando-se pela filantropia e mostrando que gosta de lutar por uma causa muito maior. Nomeada embaixadora pela ONU por sua dedicação no combate à fome em regiões desprivilegiadas de todo o planeta, os feitos que a cantora protagoniza já atingiram memoráveis conquistas mundiais, movimentando milhões de dólares anualmente (saiba mais). Provando que tem tempo de sobra para dedicar-se à família e aos mais necessitados, Christina é um exemplo vivo de que um nome não se constrói apenas com #1s nos charts de sucesso (apesar de já ter produzido diversos hits ao longo de sua jornada). Sempre focada e dando o melhor de si no que faz, Aguilera é uma veterana que, definitivamente, ainda tem muito a nos oferecer: e não apenas em caráter musical, mas principalmente social.